Os jumentos, criaturas que carregam parte da nossa história e cultura, estão se tornando cada vez mais raros, e a situação é alarmante. A caça intensificada por suas peles para a produção do famoso remédio chinês ejiao não só ameaça a espécie, mas também pode detonar uma série de problemas de saúde pública. Com um passado de valor inestimável como meio de transporte e aliados nas lidas rurais, esses animais enfrentam um futuro incerto.
Esse cenário é potencializado por um mercado que consome anualmente cerca de 6 milhões de peles de jumento. O ejiao, que promete benefícios que vão de tratamentos para doenças do sistema circulatório até cosméticos anti-idade, não possui suporte científico robusto. E, ao mesmo tempo em que a demanda cresce, a população desses animais despenca — no Brasil, estima-se uma queda de 94% desde 1997. Como podemos chegar a tal ponto?
A Tradição Colidindo com a Modernidade
A domesticação dos jumentos ocorreu há mais de 7 mil anos, e eles sempre tiveram um papel fundamental nas comunidades humanas, especialmente nas áreas rurais. Há algumas décadas, seu valor era reconhecido através de obras de arte, músicas e celebrações. Infelizmente, com a modernização e a mecanização do campo, os jumentos foram diminuindo em importância. Eles deixaram de ser vistos como parceiros valiosos e passaram a ser relegados a um papel secundário, facilitando um cenário de caça e abate, principalmente visando a extração de pele.
A estrutura do mercado está virando os animais em meros produtos, tratados de forma cruel e desumana. Jumentos capturados muitas vezes são transportados em condições deploráveis, sem alimentação adequada ou cuidados veterinários. Imagine um animal sendo levado em um caminhão superlotado, exposto ao estresse e à desidratação, tudo isso visando o lucro rápido de uma tradição que, ironicamente, já pertence a um passado distante.
Quais os Riscos Elevados à Saúde Pública?
A extração em massa das peles de jumentos não é apenas um problema para a espécie, mas também apresenta riscos para a saúde humana. O mormo, uma doença transmitida entre jumentos e que pode afetar humanos, mostra como essa situação pode escalar rapidamente em um cenário de contaminação. A falta de controle sanitário permite que patógenos se difundam, colocando a população em risco.
Essas novas doenças infecciosas frequentemente emergem do contato humano com animais. Assim, práticas exacerbando tal contato criam um terreno fértil para a próxima pandemia. Ao abordarmos a situação dos jumentos, devemos ser cada vez mais conscientes da interconectividade entre doenças que podem afetar a saúde pública e a destruição dos habitats de animais domesticados.
Qual o Caminho a Seguir: Proteger ou Abater?
A solução para esse dilema não está apenas na proibição do abate, mas em buscar alternativas mais sustentáveis e éticas. O que dizer de alternativas biotecnológicas, como aquelas em pesquisa atualmente? Podemos obter colágeno de jumento através de fermentação de precisão, reduzindo a necessidade de abate, preservando a espécie e ainda assim atendendo à demanda de mercado.
Promover uma consciência coletiva sobre o valor dos jumentos e buscar formas de integrá-los de novo à vida rural pode reverter essa situação. Ao invés de ignorá-los, cabe a nós como sociedade revalorizar esses animais, que um dia foram essenciais em nossas comunidades.
Conclusão: Um Chamado à Ação
Estamos na encruzilhada entre o passado e o futuro dos jumentos. É hora de agir, proteger e educar. Que legado deixaremos para as próximas gerações? O cuidado com esses animais pode ser um primeiro passo em direção a um mundo mais ético e equilibrado. Proteger os jumentos não é apenas um ato de compaixão; é um investimento em um futuro sustentável e saudável.
Se você é uma dessas pessoas que se preocupa com o futuro dos jumentos e a saúde pública, inspire-se a agir! Junte-se a esta causa, discuta com seus amigos, procure saber mais e, acima de tudo, faça sua voz ser ouvida. Afinal, nós temos a força de transformar a história dos jumentos juntos.
Fonte: Super – Os jumentos estão sob ameaça de extinção.